Relato de viagem: Serra da Capivara – Dicas e Roteiro de viagem

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Pedra Furada na Serra da Capivara, Piauí
Pedra Furada na Serra da Capivara, Piauí. Foto: Lucas Gonçalves

Um estado ainda pouco conhecido pelos brasileiros, mas já famoso por muitos estrangeiros, o turismo no Piauí tem crescido muito nos últimos anos e o Parque Nacional da Serra da Capivara é um dos grandes motivos!

Patrimônio da humanidade, a área abriga a maior concentração de pinturas rupestres no mundo e ainda sim, são poucas pessoas, especialmente nós brasileiros, que visitam a região. Mas algo está mudando…

Novos museus, mais acessibilidade e importante, mais informações estão ajudando mais e mais pessoas a desbravarem a região, como foi o caso do Lucas Gonçalves, nosso amigo que foi para lá recentemente e voltou apaixonado pelo lugar!

Aproveitamos então e pedimos para ele contar mais sobre a viagem que fez e todas as dicas para conhecer a Serra da Capivara no Piauí, você encontra abaixo. Vambora!

Serra da Capivara no Piauí: Veja como conhecer!

Circuito Pedra Furada Serra da Capivara
Circuito Pedra Furada na Serra da Capivara. Foto: Lucas Gonçalves

O Parque Nacional Serra da Capivara, no estado do Piauí, foi fundado em 1979 e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1991, por seu valor histórico e cultural.

Além de possuir a maior concentração de pinturas rupestres do mundo (são mais de 30.000 pinturas, distribuídas em 737 sítios arqueológicos e algumas com data superior a 20.000 anos!), o Parque também possui paisagens incríveis, além de fauna e flora únicas e vistas deslumbrantes.

Museu da Natureza
Museu da Natureza. Foto: Lucas Gonçalves

Recém inaugurados, o Museu do Homem Americano e o Museu da Natureza, são mais um bom motivo para visitar a região, ambos no entorno do Parque. Eles ajudam a conhecer a história do lugar e possuem acervos com diversos objetos pré-históricos e fósseis de animais, como a preguiça-gigante e o tigre dente-de-sabre, que habitaram a área há milhares de anos.

Confira abaixo todas as dicas de como conhecer o Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, desde como chegar, até roteiro, onde se hospedar e mais.

1-) Como chegar ao Parque da Serra da Capivara

O Parque Nacional Serra da Capivara, fica localizado na parte sudeste do estado do Piauí, perto da fronteira com Pernambuco e Bahia. A cidade mais próxima ao parque é São Raimundo Nonato.

Atualmente, a forma mais fácil de chegar na região, é através dos novos voos da companhia aérea AZUL para São Raimundo Nonato, que começaram a funcionar no final de dezembro de 2022. Há opções saindo de Recife ou Petrolina.

Outra opção é descer em Teresina, capital do Piauí, e alugar um carro, indo até São Raimundo Nonato (são cerca de 520km). Uma dica: use o Google Maps e selecione o caminho que passa pela cidade de Floriano no Piauí. No Waze não havia essa rota, que é a melhor!

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As estradas são de pista simples mas estavam em excelentes condições, com poucos buracos, sem nenhum pedágio e com pouco movimento. Porém, é preciso estar sempre atento com os animais na pista!

Circuito Pedra Furada Serra da Capivara
Circuito da Pedra Furada, na Serra da Capivara. Foto: Lucas Gonçalves

Existe também a opção é pegar um voo até Petrolina, no estado de Pernambuco, e dai alugar um carro e seguir 304 km até a cidade de São Raimundo Nonato.

Para fazer os passeios é bom que você esteja com carro próprio (um carro popular dá conta!), caso contrário a outra opção é ter que contratar algum taxista, o que pode acabar ficando bem mais caro.

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2-) Quanto dias e melhor época para conhecer

Pintura ruprestre Serra da Capivara
Pintura rupestre no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí. Foto: Lucas Gonçalves

A melhor época para conhecer a Serra da Capivara é no período de seca, que vai de maio a outubro na região. Como a maior parte dos passeios é ao ar livre, essa é o período ideal para ir.

O período de chuvas vai de novembro a abril, porém o índice pluviométrico na região é bem baixo, há alguns anos. Assim, dá para conhecer a Serra da Capivara o ano todo, mas se puder, prefira o período de seca.

Nós passamos quatro noites na região, sendo que visitamos o Parque durante três dias inteiros (o que já nos permitiu conhecer muita coisa!), no entanto, segundo os guias, há roteiros para passar mais de dez dias por lá!

Falando em guias, só é possível entrar no Parque da Serra da Capivara acompanhado por um guia credenciado, portanto, faça o agendamento antes de ir! Todos os guias são muito preparados, recebem treinamento constante e conhecem muito da história do lugar. Veja mais abaixo nossa experiência, dicas e indicações de guias na região.

3-) Onde se hospedar na Serra da Capivara

Hotel mega express Piaui
Mega Express Hotel em São Raimundo Nonato. Foto: Divulgação/Facebook

Quem visita o parque da Serra da Capivara pode se hospedar em algum hotel da cidade de São Raimundo Nonato ou no disputado Albergue Serra da Capivara, na zona rural da cidade de Coronel José Dias, praticamente dentro do parque.

Albergue Serra da Capivara
Albergue Serra da Capivara. Foto: Divulgação/Facebook

Em São Raimundo Nonato ficamos no Mega Express Hotel, um hotel novo, com ótimas acomodações e bem localizado, próximo a pizzarias, padaria, supermercado, etc.

Na frente do hotel há uma pousada em que as pessoas tomam uma cerveja no final da tarde e onde tomamos café da manhã quando estivemos por lá (R$ 14,00 por pessoa, buffet livre). A cidade é bem simples, sendo somente mesmo base para o turistas conhecerem a região.

+ Hotéis e pousadas na Serra da Capivara

O Albergue Serra da Capivara, apesar de ter um preço mais um pouco mais salgado, pela localização privilegiada vale a pena. Nele se hospedam, principalmente, as pessoas que estão visitando a Serra da Capivara, sendo um ambiente excelente para trocar histórias e experiências. No albergue é vendido almoço e jantar (R$ 28,00 por pessoa) e a comida é excelente.

Ceramica Serra da Capivara
Cerâmicas produzidas na Serra da Capivara. Foto: Lucas Gonçalves

Nesse albergue também são produzidas as cerâmicas da Serra da Capivara, vendidas em todo o país nas lojas do Pão de Açúcar e da Tok&Stok. Além de conhecer todo o processo de produção, você pode adquirir peças de cerâmica por um valor mais em conta do que nessas outras lojas.

Outra opção de hospedagem é na Casa Barreirinho Parque Nacional Serra da Capivara, no meio do caminho entre São Raimundo Nonato e a entrada do parque. Mesmo simples, a localização e vistas lindas compensam!

+ Veja mais opções de Hospedagens na Serra da Capivara

4-) Roteiro de viagem pela Serra da Capivara

Desfiladeiro Serra da Capivara
Desfiladeiro na Serra da Capivara. Foto: Lucas Gonçalves

Como falei acima, para entrar e conhecer o Parque Nacional Serra da Capivara é preciso estar acompanhado com um guia credenciado, sendo bom fazer o agendamento com o seu guia escolhido antes de ir.

Nós fizemos nosso roteiro pela região com alguns guias. Destaque para o guia Marinho, que vivia na cidade de São Raimundo Nonato antes da implantação do Parque Nacional e contou com detalhes as transformações na região. Foi emocionante ouvi-lo falar sobre as ações da Dra. Niède Guidon, a arqueóloga responsável pela criação do Parque e que dedicou sua vida a isso, trazendo diversos benefícios para a população (vocês vão ouvir muito o nome dela por lá!).

Circuito pedra Furada Serra da Capivara
Circuito Pedra Furada. Foto: Lucas Gonçalves

Em julho/2019, os guias estavam cobrando R$ 150,00 a diária (valor dividido pelo número de pessoas que estão no grupo) e ficavam o dia inteiro conosco, das 7h30 até o final da tarde, com uma pausa para o almoço nos passeios em que havia restaurante por perto. Os ingressos para os museus e o almoço não estão incluídos nesse valor.

Seguem os contatos dos guias que conhecemos na Serra da Capivara: Marinho (089) 8103-8985; Edivan (089) 98126-1280 e Leandro (089) 9433-1080.

Quanto aos passeios, o guia nos encontrava sempre às 7h30 no hotel em que estávamos e de lá seguíamos com o nosso carro. O guia Edivan montou o nosso roteiro com base em algumas preferências que tínhamos: ver pinturas rupestres, fazer trilhas e ver paisagens.

– 1º dia no Parque Nacional da Serra da Capivara

Caldeirao dos Rodrigues
Caldeirão dos Rodrigues na Serra da Capivara. Foto: Lucas Gonçalves

No primeiro dia, visitamos o Caldeirão dos Rodrigues, um circuito que exige mais preparo físico, tanto que não é permitido para pessoas com dificuldades de mobilidade, problemas cardíacos e/ou vertigem. Só pela manhã andamos cerca de 10km, subindo e descendo morros, mas as paisagens que vimos compensavam todo esforço.

Caldeirão dos Rodrigues
Caldeirão dos Rodrigues. Foto: Lucas Gonçalves

Ao longo do caminho, além das diversas pinturas rupestres, tivemos a sorte de cruzar com alguns macacos (a fauna da região é muito rica, há onças, tatu-bola, veados, aves diversas, etc.). Paramos para almoçar no restaurante da Paula, um dos melhores da região: arroz, feijão de corda, farofa, carne seca, frango frito, galinha caipira, pirão, salada, tudo isso por R$ 25,00 por pessoa. Sem contar a água de coco geladíssima depois dessa caminhada!

Museu do Homem Americano Piaui
Museu do Homem Americano. Foto: Lucas Gonçalves

Pela tarde visitamos mais alguns sítios e o Museu do Homem Americano. O Museu da Natureza tínhamos visitado no dia anterior, quando chegamos de Teresina. Os dois museus são auto explicativos e valem muito a visita! Reserve uma hora e meia a duas horas para cada um deles!

– 2º dia no Parque Nacional da Serra da Capivara

Serra Branca
Serra Branca. Foto: Lucas Gonçalves

No segundo dia fizemos o Circuito Serra Branca, o mais longo de todos, mas cujo trajeto é feito quase todo de carro: você estaciona perto dos sítios, caminha até eles e logo retorna para o carro, rumo ao sítio seguinte.

Pinturas rupestres Serra Branca na Serra da Capivara
Pinturas rupestres na Serra Branca. Foto: Lucas Gonçalves

O tipo de pintura rupestre dessa região é bem particular e a paisagem também vale muito a pena. Não há restaurantes próximos deste circuito e, portanto, é preciso levar algum lanche para passar o dia. Nesse lugar também conhecemos a vida dos “maniçobeiros” que viveram ali até a década de 1960, pessoas que viviam da extração do látex da maniçoba e moravam nas cavernas do atual Parque (há até foto de uma família vivendo em uma!).

Serra Vermelha Serra da Capivara
Serra Vermelha. Foto: Lucas Gonçalves

Na volta, ao final da tarde, paramos na Serra Vermelha para ver a revoada das andorinhas, onde elas voam juntas para dentro de um cânion. É imperdível! Impossível de descrever a beleza do espetáculo!

– 3º dia no Parque Nacional da Serra da Capivara

Pedra Furada Serra da Capivara
Pedra Furada na Serra da Capivara. Foto: Lucas Gonçalves

No terceiro e último dia fizemos o circuito da Pedra Furada pela manhã, o mais famoso de todos por possuir dois símbolos do local: a própria Pedra Furada e a pintura que é símbolo do Parque.

Pintura rupestre símbolo da Serra da Capivara
Pintura rupestre símbolo da Serra da Capivara. Foto: Lucas Gonçalves

Este sítio, que conta com centenas de pinturas, também pode ser visitado à noite, porém é preciso agendar com antecedência. Segundo os guias, muitas pinturas ficam mais nítidas com a iluminação noturna, no entanto, alguns pesquisadores recriminam este tipo de visitação, visto que o aquecimento causado pelas lâmpadas poderia danificar as pinturas.

mocó Serra da Capivara
Mocó, roedor típico da região. Foto: Lucas Gonçalves

Pela tarde visitamos os desfiladeiros, onde pudemos ver muitos “mocós”, um roedor típico da região. A formação rochosa de alguns pontos era impressionante, com paredes de seixos que pareciam ondas sobre nossas cabeças e também havia muitas pinturas rupestres em seixos!

5-) Dicas finais para conhecer a Serra da Capivara

Circuito da Pedra Furada
Circuito da Pedra Furada. Foto: Lucas Gonçalves

A região é muito quente, por isso para os dias de visitação vale sempre andar com uma garrafa com água, roupas leves e confortáveis, além de protetor solar e chapéu.

O Parque possui um Centro de Visitantes, com boa estrutura, incluindo banheiros, lanchonete, auditório, loja além de salão de exposição. No auditório os turistas podem assistir a um breve documentário sobre o parque.

Pintura rupestre Serra da Capivara
Pintura rupestre na Serra da Capivara, Piauí. Foto: Lucas Gonçalves

O Parque Nacional Serra da Capivara ainda é um tesouro desconhecido por grande parte das pessoas. Em uma entrevista com a Dra. Niède Guidon, esta relata que há um sítio arqueológico na França com somente cinco pinturas rupestres, que recebe mais de 10 milhões de visitantes por ano, enquanto a Serra da Capivara, com suas 30 mil pinturas, recebe em torno de 20 mil.

O poder público sempre foi muito ausente em relação ao Parque, sendo a maioria das conquistas alcançadas graças ao empenho da Dra. Niède e com financiamento de instituições francesas de pesquisa. De alguns anos para cá diminuíram os investimentos federais e, por conta disso, a equipe do Parque foi reduzida, o que compromete serviços como o de vigilância e fiscalização.

Infelizmente, esta é a realidade atual do Parque: um lugar mágico, com muito potencial turístico devido a beleza das paisagens e sua significativa importância histórica, mas com o futuro incerto e ameaçado…

Vambora?

+ info: http://www.icmbio.gov.br/portal/visitacao1/unidades-abertas-a-visitacao/199-parque-nacional-da-serra-da-capivara e http://fumdham.org.br

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8 COMENTÁRIOS

    • Olá Ana Luiza!
      Provavelmente em um só dia vale fazer o circuito da Pedra Furada, que é o mais famosos de todos. De toda forma, o guia que você pegar no parque vai poder te indicar o melhor roteiro, para o tempo e interesse que vocês tiverem.
      Boa viagem!!

    • Olá Patricia,
      Pela praticidade e menor tempo de deslocamento vale ficar na Pousada dentro do parque. Porém considere que seja nele, como na cidade, a estrutura dos hotéis e pousadas é bem simples.

  1. Olá, muito bom o texto.. super obrigado. Vou levar minha mão para conhecer e terei dois dias para isso. Você tem uma sugestão? Obrigado!

    • Olá Diogo,que bom que gostou das dicas!
      Em dois dias, vale a pena deixar um dia para conhecer o circuito da Pedra Furada (que é o cartão postal da região) e o Circuito Serra Branca, que são mais tranquilos.
      Caso tenham mais preparo físico, dá para fazer ao invés do Circuito Serra Branca o Caldeirão dos Rodrigues.
      De qualquer forma, tente incluir em um dos dias o Museu do Homem Americano que é imperdível!
      Boa viagem!

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