Vick Cristina e Barcelona, o novo filme de Woody Allen, marca presença na badalada premiação do Oscar, marcada para o dia 22 de fevereiro. A película destaca-se pela indicação para a estatueta de “Melhor cidade em filme”. Barcelona não se intimidou e fez-se brilhar mesmo contracenando com as estrelas Scarlet Johanson e Penélope Cruz! Ao considerar a beleza do lugar e ao acompanhar a maneira como é contada esta história, é impossível refrear aquela pergunta: Uma viagem tem o poder de transformar a sua vida? E essa questão nos persegue quanto mais nos envolvemos com a aventura das personagens Vicky e Cristina.

Novos ares, lugares exóticos, fascínio por história e culturas diferentes. Vicky (Rebecca Hall) é apaixonada pela cultura catalã. E este é o motivo que a leva a realizar sua pesquisa de mestrado em Barcelona. Junto, leva sua amiga Cristina (Scarlet Johanson) cujas paixões não são tão bem definidas quanto às da amiga: enquanto uma sabe muito bem o que quer, a outra sabe apenas o que não quer. Essas duas características marcantes e destas duas melhores amigas abrem uma discussão para questões sobre as contradições da vida e as escolhas pessoais, tema de uma trama aparentemente comum, mas intrigante – típica de Woody Allen.

E no meio deste conflito elas encontram o artista plástico Juan Antonio (Javier Bardem) e, para apimentar ainda mais, Maria Helena (Penélope Cruz). Maria Helena entra em cena como um golpe de ar fresco (ou será um vendaval?), virando de cabeça para baixo o romance de Cristina e Juan Antônio. Ela domina e transforma as relações de todos, além de personificar uma das falas mais perturbadoras do filme: “Algo só é romântico quando é impossível”. Como nossas paixões e sonhos.

E apesar da categoria “Melhor cidade em filme” (para a nossa infelicidade) não existir de verdade, não há motivo para não vibrar pela atuação de Penélope, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Tendo em suas mãos a personagem mais marcante perturbada da trama, a atriz cumpre bem o seu trabalho. Dá-lhe Penélope!

E dá-lhe Barcelona!! Como se fosse mais um personagem, ela compartilha com o espectador as duas aventuras paralelas das personagens centrais. O diretor conserva uma ponta de sua genialidade ao conduzir a câmera com um olhar cúmplice. Ah, Barcelona! Evidenciada já no título como elemento central e vivo da trama, a cidade encanta, seduz, o tanto quanto confunde e questiona. Este é o primeiro filme de Allen na cidade, mas ele já esteve lá cinco vezes e parece fazer questão de mostrar em seu filme os principais pontos turísticos – afinal, o filme contou com o patrocínio do governo catalão, cujo interesse era promover o turismo na cidade. E tem mais! Podemos ser os próximos: dizem que Allen pretende realizar um filme aqui no Rio de Janeiro!

Mas enquanto nossa hora não chega, vale a pena banquetear-se com Barcelona: flutuando junto com os emaranhados de pensamentos das personagens, é possível vislumbrar, imersos na atmosfera de fantasiosa novidade, painéis do artista plástico Joan Miró, cidadezinhas vizinhas como Oviedo, a arquitetura de Antoni Gaudí, dentre muitas outras localidades imperdíveis.

Prontos para viajar? Afinal, seja pegando o carro ou avião, seja através da tela do cinema, foto, exposição, nada melhor do que uma viagem para conhecer a si mesmo e encontrar oportunidades de transformar-se. E digo novamente, oportunidades, pois a transformação efetiva depende exclusivamente das nossas escolhas.

*texto de F. Maiquali, crítico de arte aqui do Vambora!

+ informações:
Vicky, Cristina e Barcelona (2009)
Com: Scarlet Johanson, Rebecca Hall, Penélope Cruz e Javier Bardem
Direção: Woody Allen
Indicação ao Oscar: Melhor atriz coadjuvante
obs: O filme ainda está em algumas salas de cinema e já pode ser visto em DVD

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