Relato de viagem: Festival de Parintins, a maior festa popular do Brasil ainda desconhecida pelos brasileiros

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Boi Caprichoso Festival de Parintins 2013
Apresentação do Boi Caprichoso, durante o Festival de Paritins. Foto: GC/Blog Vambora!

Extasiada. Essa é a melhor palavra para expressar como me senti após assistir a 3ª noite do Festival de Parintins, a festa dos bois bumbás na Amazônia, a disputa entre o Boi Garantido (simbolizado pelo coração e a cor vermelha) e o Boi Caprichoso (simbolizado pela estrela e a cor azul).

Ainda que antes de ir esperava ver algo ao estilo “carnaval/desfile de escolas de samba”, na realidade a festa não tem comparações, é algo único, difícil de explicar e até mesmo entender para quem não é de lá, mas juro que vou tentar ao máximo mostrar e fazer você querer assistir ao Festival de Parintins um dia na sua vida. Se você já tem vontade, acho então que esse relato pode te deixar ainda mais empolgado! 😀

Num material sobre Parintins, que ganhei por lá, achei algumas frases que já mostram bem como é o clima da festa:

“Parintins é uma experiência sem paralelo: difícil explicar, impossível resistir”.

“Uma gente que reconhece o valor de sua própria história – e, entre sabores e sorrisos, convida o visitante a fazer parte dela”.

A festa é antiga (esse ano fez 100 anos!) mas começou mais especificamente nos moldes que vemos hoje em 1965, quando um grupo de amigos decidiu fazer uma apresentação folclórica de 22 quadrilhas na cidade de Parintins, no Estado do Amazonas, mais ou menos localizada entre Manaus e Belém. A festa, com o passar dos anos, ganhou ar de disputa e Parintins deixou de ser apenas um porto importante da região, para virar uma referencia folclórica sem precedentes, seja no Brasil, seja no Mundo.

Alegoria Boi Garantido
Alegoria do Boi Garantido, durante o Festival de 2013. Foto: GC/Blog Vambora!

E não estou exagerando não: basta pensar que Parintins, normalmente com pouco mais de 100 mil habitantes, quase recebe 50 mil visitantes durante o festival, sempre realizado nos últimos 3 dias do mês de Junho. A questão é que toda essa gente vai ver o Boi, ou melhor, os Bois, essa figura mítica brasileira tão famosa nas regiões Norte e Nordeste, que ganha status de estrela, gerando amor, rivalidade, dedicação, suor e ao menos 6h por dia de apresentações durantes os 3 dias do festival (3h para apresentação do Boi Garantido, 3h para o Boi Caprichoso).

Centenário Festival de Parintins
Apresentação do Boi Caprichoso em comemoração ao centenário da disputa dos bois em Parintins. Foto: GC/Blog Vambora!

É difícil de entender, mas basta aplicar as leis do futebol, junto com o do carnaval para se começar a ter noção do tipo de magnitude e envolvimento das pessoas antes, durante e após a festa. É como se Corinthians e Flamengo fizessem uma grande comemoração para mostrar qual dos dois é melhor e chamassem para ajudar as suas torcidas os carnavalescos e passistas das duas maiores escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo. Aplica-se isso numa mistura de estádio de futebol com sambódromo para visualizar o Bumbódromo, local onde os bois se apresentam, e pronto: começa a fazer mais sentido o Festival de Paritins.

Integrantes Boi Garantido
Integrantes do Boi Garantido durante apresentação do Festival de Parintins. Foto: GC/Blog Vambora!

Como se já não fosse o suficiente, não só o Bumbódromo, mas a cidade toda, além dos patrocinadores da festa, também entram na disputa. Ruas com faixas vermelha de um lado, ruas com meio fio azul do outro; Coca-Cola vermelha de um lado, Coca-Cola azul do outro (aliás, o único lugar do MUNDO, onde a marca abriu mão da sua cor original…)…Pois é, se até a Coca-Cola se rendeu aos bois de Parintins, quer dizer que a festa por lá é coisa séria mesmo!

Toada Boi Caprichoso
Festival de Parintins: parece carnaval, mas não é. Foto: GC/Blog Vambora!

A minha chegada a Parintins foi cansativa, pois entre sair de São Paulo, chegar em Manaus, esperar o voo para Parintins, chegar na cidade, ir para o Bumbódromo passaram mais de 12h. Soma-se mais 6h de festança e imagine uma pessoa extremamente cansada, mas o Festival de Parintins tem um efeito medicinal único que faz você, mesmo morto de cansaço, não conseguir ficar sem pelo menos um pé balançado o tempo todo, seguindo as músicas e toadas dos dois bois durante as apresentações. O rosto dói também porque é difícil não ficar sorrindo 99,9% do tempo vendo a empolgação única seja dos participantes, seja da torcida…e que torcida!

Boi Garantido
Boi Garantido: o ganhador do Festival de Parintins 2013. Foto: GC/Blog Vambora!

Acho que o primeiro grande impacto ao chegar no Bumbódromo foi ver aquelas torcidas, de mais de 15 mil pessoas, cantando, pulando, balançando as mãos, fazendo coreografias únicas, durante todas as 3h de apresentação, sendo que não há nem 1 segundo de trégua e o resultado é contagiante. O mais interessante é que enquanto um boi se apresenta a torcida do rival não pode soltar um “Uhu” se quiser. Qualquer movimento, palavra, expressão e perde-se pontos. É mesmo surreal acompanhar a extrema empolgação de um lado do Bumbódromo com a apatia total do outro…

Torcida Boi Caprichoso
Torcida dando um show durante as apresentações. Foto: GC/Blog Vambora!

Como viajante de primeira viagem foi começar a ver a apresentação do Boi Caprichoso, o Azul, para que virasse azulona desde criancinha. Que lindo, que empolgação, que música! 3 horas depois, foi difícil me segurar e não querer ficar pulando e cantando com o tradicional e mais popular Boi Garantido, o vermelho. Para quem é de lá, sei que cometi um pecado mortal ao torcer para os dois, mas não posso mentir: como principiante achei difícil demais escolher entre um e outro. Talvez numa próxima ida eu escolha um lado definitivo para torcer. 🙂

Boi Garantido Festival de Parintins
Detalhes da apresentação do Boi Garantido durante o festival. Foto: GC/Blog Vambora!

Os juízes já não pensam assim e depois de 22 quesitos e 18 horas de apresentações, o Boi vencedor do Festival de Parintins 2013 foi o Boi Garantido, o vermelho, o boi do povão. Ai você pensa: “Mas se tem quesito é igual mesmo a um desfile de escola de samba!” e eu te digo “Não é”. A grande diferença de Parintins para um Carnaval é que todo ano, a história contata é a mesma: de modo bem resumido é a lenda do Boi Bumbá da Amazônia que foi morto e ressuscitado por um Pajé.

Alegoria Boi Caprichoso
Alegorias de tirar o fôlego do Boi Caprichoso. Foto: GC/Blog Vambora!

Com o enredo igual todos os anos, a grande expectativa é como recontar essa história de maneira mais criativa e empolgante. Fogos, luzes, esculturas gigantes, bois voando, balões, palcos, danças e muita música deixam as 3h de cada boi, nos 3 dias do festival, completamente diferentes. Não cansa, não enjoa, só empolga e deixa com gosto de quero mais. Dá uma olhada nesse vídeo que fiz durante uma das apresentações, para sentir um pouco do clima do festival:

Depois de tudo isso, sei que você pode estar pensando em algumas coisas e deve ter dúvidas sobre Parintins, então vamos a elas:

1- “Mas eu não gosto de Carnaval…será que vou gostar de Parintins?”.
– Vai, porque como eu disse não é Carnaval, é algo diferente e completamente empolgante!

2- “Mas eu já gosto carnaval…será possível gostar ainda mais de Partintins?”.
– Vai, porque é melhor que carnaval, totalmente diferente e completamente empolgante! 😀

3- “E vale a pena viajar até tão longe para assistir?”.
– Vale, porque é algo que você nunca viu, e o melhor, nunca sentiu na sua vida.

4- “Eu acho que você está exagerando…”.
– Juro que não estou! Porque não sou só eu que falo isso. Dá uma olhada nesse, nesse e nesse relato de outros blogueiros de viagem para mostrar como estou falando sério.

5- “Ok, você me convenceu” ou “Ta ok, eu nem precisava de convencimento: Como faz então para programar uma viagem e ir ver o Festival de Parintins?”
– Pode deixar que eu conto tudo no próximo post….Vambora! 🙂

*Essa viagem para o Amazonas foi feita a convite da Amazonastur

*** VEJA MAIS DICAS DO AMAZONAS NO BLOG:
Festival de Parintins passo a passo: dicas de como ir e assistir o festival

Hotel de selva na Amazônia: como escolher o seu
Turismo em Manaus: dicas de onde se hospedar, comer e como circular
Uma viagem ao Amazonas: introdução (com vídeo!)

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5 COMENTÁRIOS

  1. Você precisa conhecer o Festival das Tribos Indígenas de Juruti – FESTRIBAL. Vale a pena conhecer esse festival que resgata a cultura local. É muito linda! Sou apaixonada! Onde as tribos Mundurukus (cores vermelha e amarela) e Muirapinima (cores vermelha e azul) duelam no último final de semana do mês de julho.

  2. […] Festival de Parintins: a maior festa popular do Brasil ainda desconhecida pelos brasileiros – Blog Vambora […]

  3. Olá Guta,
    Estive este ano em Parintins e de facto é diferente de tudo. Já passou um mês e ainda não escrevi a respeito, estou ainda digerindo tudo, à procura da inspiração que consiga colocar toda aquela emoção em palavras. É uma experiência do outro mundo, “difícil explicar, impossível resistir”.
    Um grande abraço.

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